The Ogre does what ogres can,
Deeds quite impossible for Man,
But one prize is beyond his reach,
The Ogre cannot master Speech:
About a subjugated plain,
Among its desperate and slain,
The Ogre stalks with hands on hips,
While drivel gushes from his lips.
W. H. Auden (August 1968)
(O ogro, que pode muito, não pode usar a linguagem. Por isso seu caminhar elegante e poderoso, de sobrevivente da floresta, contradiz com a baba que escorre dos seus lábios).
Meu Deus, quantos ogros (e ogras) tenho encontrado... em que a elegância dos modos é desmentida pelo balbuciar primário da fala!
ovo de ema
Ninho onde a ema malandra choca idéias prematuras
quarta-feira, 14 de julho de 2010
quinta-feira, 8 de julho de 2010
Carpe diem,otária!
Toda hora ouço sobre Carpe Diem, e como cada segundo deve ser aproveitado com o último. Não que eu ache errado, mas você seu maldito, vive falando sobre isso e não faz nada para embasar sua ideologia, só faz estupidez.
Freqüentemente fico nervoso com as pessoas, e sem machismo, confesso que na maior parte das vezes com meninas, então vou usar a palavra você como se fosse uma pessoa do sexo feminino.
Depois de tanto falar de Carpe Diem, quantos tópicos você considera favoráveis no seu dia, ao Carpe Diem? Sair com suas amigas, beber sentada na frente do shopping e depois dizer que ficou bêbada e contar histórias sem graça na roda sobre esse dia, sendo que só você e aquela sua amiga horrível acham graça?
Você é ridícula.
E sabe o que eu odeio em você? Você pega a câmera e fica tirando fotos de você mesma durante vários minutos, sua egocêntrica maldita, e depois descarrega no computador e fica excluindo aquelas que você acha feia, e depois posta naquele seu fotolog imundo se achando a diva. Do que adianta ser bonita só tirando foto de cima? Quem te acha bonita, vai te achar de qualquer ângulo. Aí que vem a parte cruel. Você entra no seu MSN, com aquele nick conta toda a história do seu dia, e do que você está sentindo. Sabe por que? Porque você não tem amigas pra contar, aquelas duas crianças não são suas amigas, elas estão com você porque são miseráveis sem-amigos como você, e mesmo assim vocês fazem montagens e questão de mostrar pro mundo que vocês são amigas. Calma, pessoas normais têm amigos, não precisa ficar mostrando pra todo mundo. Aí você arranja todas as formas de pedir comentário, pra se mostrar popular, e no final, sempre abre a janela e literalmente mendiga um comentário. “Comenta?”. Depois que você consegue os malditos comentários fica se sentindo bem porque está com os comentários lotados, “lotados”, dez míseros comentários com o mesmo gênero: “=* te adoro”.
Quando os comentários lotam, a primeira coisa é entrar é no orkut, e em primeiro lugar se orgulhar da quantidade de “amigos” que você tem. Engraçado como você sempre se incomoda quando alguém tem bem mais amigos que você. Ter 500 “amigos” no orkut não quer dizer nada, porque dessas 500, nem 5 lembram de você todo dia, nem 3 gostam da pessoa que você é. Normalmente eles gostam da sua bunda, dos seus peitos, ou do fato de você ser uma puta, aí você acha que aqueles meninos que deixam scrap falando que te amam, são seus verdadeiros amigos. Lembre-se, você não tem amigos. Mas se você quiser dar, conheço os 500 que te comem.
E aquele seu álbum de orkut, que porra é aquela? Você quer mesmo que todos saibam que você bebe (como se fosse bonita beber) e que você é uma puta. Odeio suas fotos com aquelas suas amigas, onde todas fazem uma pose pré-combinada: “vamos tirar foto assim ó?”
Você nem tem idade pra saber o que é Carpe Diem, e mesmo assim acha que você aproveita cada segundo. A próxima vez que você for ao shopping ficar tirando fotos das suas babaquices (babaquices que você já faz pensando em contar, e em tirar foto), lembre-se que todos que estão olhando, te acham uma puta que quer chamar a atenção. E sabe porque você ta sempre no shopping né? Porque você sabe que sua mãe não deixa você chegar tarde e nem ir aos lugares que você quer. Ela ta certa, você não tem idade ainda. Não adianta querer ir naquelas festas onde estão as pessoas mais velhas, não adiante querer ir andar de carro e beber pra se sentir mais velha. A gente envelhece um dia, todo dia, sabia? Então calma.
Fala-me uma coisa, porque você sempre acha que causou? “A gente causou”, você acha que causar é bonito né? E mesmo se fosse você não causou nada, fez papel de idiota e diz que causou. Quer causar? Sai na praia correndo pelada e rouba os pães de hot-dog duma barraquinha as 3 horas da manhã. Aí você causou. Causar não é falar uma coisa sem nexo alto na rua, para que tal pessoa ouça. Percebeu?
Por que invés de “causar”, você não aproveita, e diz depois que foi um dia legal que você curtiu com suas amigas? Não precisa colocar fala por fala no seu fotolog, ninguém ta interessado em ler. Só quem esteve presente na hora comenta algo do tipo: “É a gente causou”, porque suas amigas assim como vocês são idiotas. Aliás, vocês se parecem muito. A internet é recheada de coisas legais, mas vocês que ficam plantadas o dia inteiro nela, só procuram coisas bestas, emoticons, frases pra por no nick, fuçam orkut dos outros, ficam olhando e reclamando das fotos dele. Feia é você.
E aquela pessoa que você ama ein? Você ama todo mundo, como isso é possível? Se ouro fosse achado em todo lugar não seria valioso, logo o seu amor não vale nada. Tem tantas pessoas que você nem vê, nem conviveu, mas você ama. Amor é convivência, é afinidade, é compartilhar sensações, é violento, e não um texto virtual estúpido. Você deveria acordar e falar todo dia pra sua mãe que ela é importante, e que você ama ela por tudo que ela faz por você. Ahhh isso é difícil né? Mas postar a foto dela falando que ama ela é fácil. Sabe porque? Quando a gente ama alguém, é difícil falar pra essa pessoa que a gente a ama.
A gente pode se divertir sem precisar chamar a atenção, e sem causar, e sem dizer que causou sem causar. A gente pode tirar tantas fotos legais sem programar uma pose e um destino pra foto, e pode ser tão bonito sem ficar fazendo uma peneira toda vez que tira fotos. As pessoas mais bonitas que eu conheço não saem tão bonitas em fotos, e as mais legais nem sempre tem seu fotolog lotado de comments. Pessoas sensacionais não tem 2 orkuts, aqueles “João Ninguém (LOTADO)” e “João Ninguém 2”, e pra ser sincero, normalmente esses são os mais idiotas.
Pinte seu cabelo, compre aquela roupa para ser diferente do resto. Por ser colorida ou por ser cara, quanto tempo você levará pra entender, que DIFERENÇA não é feita de coisas materiais? Um idiota e um cara legal poderiam ir a mesma loja e comprar as mesmas camisetas, e mesmo assim permaneceriam diferentes.
Quer um verdadeiro Carpe Diem? Larga sua casa, seus “amigos” a escola e vai pra rua virar Hippie, viajar o país inteiro, conhecer todos os lugares, criar uma inteiração com a natureza, com comunidades diferentes, nadar em rios gelados nunca antes tocados, ganhar coisas que te darão por amor, e as vezes trocá-las por colares e pulseiras.
Eu já achei que essa história de Carpe Diem fizesse parte da minha vida até eu conhecer um desses Hippies em João Pessoa. Ele havia ganhado todas suas roupas e tatuagens de pessoas que realmente gostaram dele, e não pessoas que vão ao shopping comprar algo pra você por obrigação, no dia do seu aniversário. Inclusive ele me ensinou tanto que dei a ele minha camiseta. Ele havia viajado o Brasil inteiro, e fazia escambo com diversas tribos indígenas que nem se quer falavam português. Ele aprendeu sobre todas as religiões do Catolicismo ao Budismo, do Xintoísmo ao Islamismo, apenas morando em casas de pessoas que haviam cedido o teto à ele por pura afeição e afinidade. Ele conheceu tantas pessoas de tantas raças, tantas religiões, tanta culinárias, que pode aprender sobre todas, e sobre como toda forma de vida independente dos seus atributos tem uma meta em comum, ser alguém antes de morrer. No dia que eu vi ele, ele tava acompanhado de uma mulher que era filha de família rica e abandonara tudo pra seguir com ele um caminho sem destino, e naquela altura da história, esperava um filho dele. Porra, quer mais amor que isso?
E aí eu percebi o quanto eu era idiota com essa história de Carpe Diem, que minha vida era uma rotina estúpida, e que eu tinha poucas histórias tão interessantes quanto as dele. Incrível foi que eu aprendi sobre budismo, sobre os índios, sobre a natureza, sobre viver, sobreviver, sobre amor e sobre Carpe Diem com uma só pessoa. E aí, eu aprendi indiretamente sobre fotolog e orkut, sobre pessoas fúteis e não fúteis.
Chego a conclusão que você é ridículo e eu também. Mas podemos melhorar um pouquinho. Não?
Minuto Medula escreveu e eu assino embaixo!
terça-feira, 6 de julho de 2010
meu mimetismo
Nem perdida, nem uma boa pedida.
Sou só aquilo que se encontra por aí.
- Aos montes -
Mas não é por isso que sou acessível.
Minha normalidade é um mimetismo.
Um jeito de não te assustar com a minha originalidade.
Sou só aquilo que se encontra por aí.
- Aos montes -
Mas não é por isso que sou acessível.
Minha normalidade é um mimetismo.
Um jeito de não te assustar com a minha originalidade.
segunda-feira, 5 de julho de 2010
Nazistazinho de si mesmo
É triste ter que caber em rótulos. Ser uma guria lésbica, uma menina de família, uma mocinha pra casar ou uma mulher de futuro é tudo quase a mesma coisa: a velha tentativa de se adequar às embalagens feita pelos outros. Não se é lésbica assim ou assada, nem se é emo por um cabelo roxo, espetado por um óculos de soldador. Não existe um tipo de gay padrão, nem uma pessoa legal perfeita.
Ter que se definir, nos ensinam que é importante para saber quem nós somos (alguém sabe mesmo quem é?), é importante para lutar por nossa identidade. Mas o fato de eu gostar de garotas me obriga a encarnar a questão lésbica? Para com isso! Ninguém precisa se definir como algo para experimentar uma coisa. Ninguém se define como mamífero para tomar leite nem de açucareiro para ir a confeitaria. Gostar, experimentar, querer são verbos que indicam uma ação, um estado e não uma forma de se congelar num rótulo.
Mas num mundo que parece ter sido redigido pela Ana Maria Braga, uns viram chocólotras (e se orgulham disso), outros viram gays, outros isso outros aquilo, todos com muita pressa de mostrar sua autenticidade, definindo quem são pelos critérios alheios! “Ai,, essa sou eu!” (You change your mind/Like a girl changes.clothes/ Yeah you, PMS/Like a bitch/ I would know…)
Querem que o papai aprove suas paquerinhas proibidas, que os vizinhos os aceitem como “são”? Eles querem mesmo ser só esse rotulozinho, tipo “mamãe, desculpe, eu sou gay”?. Que jeito tolo de se limitar! O que se consegue assim é um alvará público para se ser o que nem se sabe se de fato se é. "Vou pro próximo BBB pra mandar um recado pro papai saber que sou vadia"! Que lixo que virou nossa cabeça, ter que ouvir pessoinhas sem noção brincando de autenticidade. Nem por dois milhões de estalekas!
Alguém é puramente gay? Alguém é puramente gordo, tolo, sábio, bandido, vadio, preto, branco, gaúcho ou manezinho? Temos pitadas dessas coisas. Mas querer ser qualquer uma delas em estado puro é falta de aceitação da multiplicidade do que se é. È ser um nazistazinho de si mesmo
Passar a vida atrás de um rótulo para se reduzir e ser compreendido pelo outros, isso é que eu acho uma luta bastarda e inglória. Como esse papo aqui. Mas isso foi o que deu pra ser nesse momento. Outro dia talvez eu seja outra coisa mais apresentável. Mas combinante com as roupas que se usa na sua rave ou na casa da sua vovó. Ou nunca mais serei convidada?
Dizem delas
Dizem delas que são instintivas
- como animais -
Captam as coisas no faro
E vivem de descobertas furtivas
Dizem delas que são pura intuição
- como feiticeiras -
Pressentem o que não viram
E ainda querem ter razão
Dizem delas que têm sexto sentido
- como assombrações -
Antevêm por trás da porta
Subverdades e fantasiosas traições
Digo deles, que é bom que pensem assim
Que tenham medo e se acautelem
De um saber que presumem em mim
E se há mil anos me ocultei
No outro lado da mente
Atrás de uma lógica torta
É porque intuiu que se assim não fizesse
Teria tido razão mas já estaria morta.
- como animais -
Captam as coisas no faro
E vivem de descobertas furtivas
Dizem delas que são pura intuição
- como feiticeiras -
Pressentem o que não viram
E ainda querem ter razão
Dizem delas que têm sexto sentido
- como assombrações -
Antevêm por trás da porta
Subverdades e fantasiosas traições
Digo deles, que é bom que pensem assim
Que tenham medo e se acautelem
De um saber que presumem em mim
E se há mil anos me ocultei
No outro lado da mente
Atrás de uma lógica torta
É porque intuiu que se assim não fizesse
Teria tido razão mas já estaria morta.
domingo, 4 de julho de 2010
Transgressorinha de estimação
Ser diferente é ser caótico. Foi isso que entendi até aqui. Não que eu me sinta um caos pela minha diferença (que, aliás, é tão igual à diferença de tantos e tantas), mas sinto que desorganizo a paz dos outros (dos “meus” outros pelo menos), afundo os planos que fizeram para mim, sobre mim e sem mim. Desde cedo fiz outras opções. Não por ser contra o mundo alheio, mas por ser a favor do meu. Por querer o que eu queria e assumir os riscos de muitas más escolhas. Tentaram me mudar. Conseguiram, mas não o tanto que queriam. Não desistiram. Mudaram de tática. Tornaram-me um idolozinho doméstico: a revoltadinha da titia; a chatinha com personalidade forte (forte, eu?), a menina que preferia os livros aos meninos (eufemismo para não dizer que eu não preferia os meninos). Quase uma deficiente de quem não se podia falar mal. Comentar de minhas opções inefáveis, era como falar sobre a perna do aleijado. Sempre alguém ralhava com o falador, com o que dava com a língua nos dentes. Os almoços da minha família eram assim: eu me tornava uma celebridade pelo meu “defeito”, defeito que ninguém podia se referir na minha frente.
Há alguns meses, arrumei um namorado. Fui tratada como uma deficiente mental que conseguiu fazer o primeiro desenho de casinha. Virei um mimo. Ele também passou a ser tratado como alguém especial. Meu salvador, parece. Mas ele não ficou muito tempo. Esses salvadores nunca ficam muito tempo mesmo... Foi embora sem nem avisar. Ninguém falou nada. Todos sabiam o motivo do “fracasso” do relacionamento da enviesada criatura, embora nada tivesse a ver com o que todos pensavam. Relacionamentos não dão certo por muitos motivos, mas o meu só podia desmoronar por “aquele” motivo.
Botar o pé além da linha do normal alheio resulta nisso: você é sempre facilmente explicada, sem nunca ser compreendida.
Mas não estou militando pela causa (eu não milito por coisa alguma, me agüento apenas), nem mesmo reclamando (de uma barriga que só não está mais cheia devido às constantes dietas), só estou narrando que ser diferente é tornar-se um caos a sua volta. Ninguém transgride a si mesmo, transgride-se nos outros. Ao quebrar uma norma trinca-se o universo a sua volta. A normalidade mais firme não passa de um fino cristal: grite e ela estoura. Restam apenas cacos: você e todos os demais.
Mas não estou militando pela causa (eu não milito por coisa alguma, me agüento apenas), nem mesmo reclamando (de uma barriga que só não está mais cheia devido às constantes dietas), só estou narrando que ser diferente é tornar-se um caos a sua volta. Ninguém transgride a si mesmo, transgride-se nos outros. Ao quebrar uma norma trinca-se o universo a sua volta. A normalidade mais firme não passa de um fino cristal: grite e ela estoura. Restam apenas cacos: você e todos os demais.
sexta-feira, 2 de abril de 2010
Os emolantes
Minha estética é de emo. Mas minha psiquê é de aveztruz. Meto a cara no buraco assim que as coisas complicam. Como tudo que é porcaria. Não choro pelos que foram. Nem comemoro os que ainda estão. Pinto a cara porque não dá para pintar a alma. Faço sexo porque não consigo fazer amor. Gosto de pensar de forma diferente. Mas sou igualzinha a todo mundo. Sou uma ema que se sente um avestruz mas não passa de uma pata.
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